domingo, 17 de outubro de 2010

Reflexões de Daniel Cazcovas

As paredes me sufocam à medida que eu tomo consciência de mim e de um mundo de absurdos lá fora.

“Infinitas possibilidades, basta acreditar e você terá.” Me diz o novo Best-seller da auto-ajuda. Não o comprei, li na livraria mesmo. Li talvez só pra falar mal depois. Auto-ajuda e Auto-engano pra mim são coisas muito parecidas.

E me vem aquele convite: “Vamos sair hoje! Vai ser massa!”.

Ah! Os amigos. Sempre lá, para beberem conosco, nas alegrias da farra, nas dores de amor, de cotovelo, dores de chifre e até de morte.

Vou com eles, mas essa festa não é pra mim hoje. Abro a carteira. Um calendário de seis anos atrás (lembrança de meu avô), uma poesia bêbada em papel amassado, um número de telefone de uma mulher que conheci não sei onde, nem quando, nem mesmo por que. Deve ser bonita, ou não, realmente não lembro. E dinheiro, dinheiro de uma cerveja, que pelo menos deve estar gelada.

A minha liberdade parece que se casou com a economia, e corta minhas asas quando não me encaixo nos moldes ou sempre que estou sem grana. Acendo um cigarro e no meio da fumaça reflito: “Putaquipariueutôfudidomesmo!”

sábado, 18 de setembro de 2010

Vampiro? (ou Maldita Sede)

O sol do meio dia me faz sentir meio vampiro. Mas diferentemente de um vampiro juvenil eu não brilho; estou mais para um Nosferatu, que não lembra do que viu no espelho e lembra a todo o momento da maldita sede.

A noite me abraça, mas é um abraço sufocante. Insisto em não dormir para não abrir um turbilhão de pesadelos dessa mente que ainda sente a sede.

Minha benção, minha maldição é essa sede que sinto.

Sede luxuriosa, sede necessária.

Que nubla meu pensar, que aumenta meu pesar.

E espreito nas sombras.

Não como um fresco vampiro juvenil.

Que anseia e faz rodeios por conta de um simples beijo.

Mas como ser maldito e insaciável que sou.

Que sacia sua sede nos recantos pecaminosos das belas desatentas, das falsas puras e das sonhadoras.

Mordo com força, sussurro obscenidades, misto de prazer e perigo, sem falsas promessas.

Vou com a noite, sem nome, sem lembranças.

Maldita sede que me enche de desejos e de esquecimentos.


domingo, 12 de setembro de 2010

O vinho

O vinho me traz o esquecimento, mesmo que momentâneo.

E me vem à cabeça o olhar dela. Dessa vez não havia admiração, não havia brilho em seus olhos. Havia o cinza, havia o desapontamento. Nunca fui perfeito, sei disso, mas aquele olhar me dizia que eu estava errado sobre o quanto e como ser imperfeito. Como se houvessem regras sobre imperfeição.

Mas devem ser as leis que me levaram a estar com ela, as leis ancestrais. Amor? Quem sabe?

O vinho me trouxe a verdade, mesmo que tardia.

Já não sou o que era, nem estou como queria. Não toquei a Lua, não adentrei a aventura que me cabia.

O vinho confundiu minhas idéias, e acabou dando sentido a elas.

Quebrou os padrões de minha maneira de pensar habitual. Destruiu clichês, me mostrou caminhos. Soluções impensadas, inesperadas.

O vinho me amou, tal qual prostituta.

Que me ama sem amar, me acaricia mecanicamente, falsa sensação de conforto. Cobrará seu preço ao final, me trazendo à realidade. E eu darei de cara no asfalto, o beijo frio que me sobrou.

O vinho me deixou um gosto amargo.

O amor me deixou um gosto amargo.

O vinho me trouxe lágrimas.

O amor me trouxe lágrimas.

O vinho me acompanhou.

O amor, não.


*trilha sonora:http://www.youtube.com/watch?v=Kl-TdEFOOc4

Aos meus amigos talentosos

Ah, esses meus amigos talentosos!

De onde tiraram tais idéias? Eu espremo um sonho que forma apenas uma palavra na imensidão de uma folha em branco.

Será que acharam a estrada secreta? Ando de bicicleta por uma estrada empoeirada, são idéias antigas, um poço de memória, são águas passadas.

Um povo feito de sentimento. Criei robôs, mas depois os deixei enferrujar, já não me servem mais, esses homens de lata.

A mágica que fazem com as palavras... Eu luto prá domar um verbo querer desengonçado, batalho um verbo indefinido que é o Amor. Tento fugir da breguice de um “felizes para sempre” ou mesmo de um clichê de poeta sofredor. Tudo me sai cru, amargo, direto, como um soco recebido depois de se tomar uma dose de cana.

Dançaram pelas nuvens. Eu navegava por um deserto, é irreal eu sei, mas muitos momentos na vida o são.

E seguiram na rima da vida, a poesia nela contida, a música indefinível que dela é ouvida.

Eu me ajuntei com eles e fui curtir também

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ah...então... Vá!

Lembrando agora...foi num msn de um amigo que eu vi a frase: “Tá estressado? Então deixa tudo e vai prá praia Mané!” (Adiantando logo: Valeu Johnny!!)
Quem de nós já fez isso? Olhe que é um negócio que faz bem viu!
Eu fiz isso hoje...cabeça do tamanho de um planeta tempestuoso...coisas e coisas maquinando.....sem bons resultados...Putz!Tava a duas ruas da praia! Ou seja, fui!
Mas quando fizer esse tipo de coisa e for prálgum lugar prá espairecer, lembre justamente disso é prá ESPAIRECER, não vá levando tooodo aquele peso chato.Pois a idéia é “Just relax, enjoy”. Foi bom, desestressei, o problema, bem ainda existe, mas “Não se aflija e não tema porque Robin Hood não tarda a chegar” (de um personagem do Pernalonga), pena que nem peguei uma corzinha, coisa q por sinal estou precisando!
Então se você precisar...
“Vá!Vá! E grite ao mundo que você está certo!Você aprendeu tudo enquanto estava mudo. Agora é necessário gritar e cantar rock e demonstrar o teorema da vida e os macetes do xadez, do xadez! Você tem as respostas das perguntas, resolveu as equações que não sabia e já não tem mais nada o que fazer a não ser, verdades e verdades e verdades mais verdades para me dizer, a declarar!
Tudo que tinha de ser chorado já foi chorado, você já cumpriu os doze trabalhos, reescrteveu os livros de séculos passados, assinou duplicatas e inventou baralhos. Passeou de dia e dormiu de noite! Consertou vitrolas para ouvir música, sabe trechos da Bíblia de cor, sabe receitas mágicas de amor, conhece em Marte um amigo antigo lavrador que te ensinou a ter do bom e do melhor, do melhor!
O que você não sabe por inteiro, é como ganhar dinheiro!Mas isso é fácil e você não vai parar. Você não tem perguntas prá fazer porque só tem verdades a dizer! A declarar!”
Porque sempre escutamos, ou mesmo falamos: Toca Raul!!!

Música do dia (é óbvio...hehe): Loteria da Babilônia- Raul Seixas

terça-feira, 9 de junho de 2009

Aquele de idiossincrasias a Born to be wild!


Tenho um tio que, desde que eu me entendo por gente ele joga na loteria. Já ganhou algumas vezes, pequenas quantias, e continua jogando. Ganha aqui uns duzentos reais, comemora, comemora e continua jogando.... Joga e joga, e assim o ciclo se reinicia...
Acreditar que aquela estrela no céu, a primeira que eu vi na noite, que me pareceu especial, vai me conceder um desejo. Que aquela estrela cadente (na verdade insistem em me dizer que aquilo é um aerólito, ou mesmo lixo espacial) realizará também o meu desejo, é normal?É bobo?É coisa de criança?
Aquele que tem “A camisa”, todo jogo do seu time do coração ele a usa acredita piamente que no dia que ele não a usa seu time irá falhar miseravelmente (obs.: ele nunca lava essa camisa).
Bater na madeira três vezes. Continuar despetalando flores até conseguir um resultado de “bem me quer”. Não passar debaixo de escadas.
Aquele que só consegue estudar na véspera, pq a adrenalina é maior.
Ah essas idiosincrasias....
Essas peculiaridades, esses detalhes que enriquecem nossos “eus”.
Tomar banho de chuva só se for pelado, beber apenas sangue tipo “o” negativo, ter como ponto fraco a kriptonita, aquele que acredita é na rapaziada.
Acreditar que papai Noel possui um trenó puxado por “renas mutantes místicas”.
Que o fim é o final, ou que o fim é o início prá outra coisa.
Pq nem toda engrenagem é do mesmo tamanho, o mesmo é feita do mesmo material....Mas quem quer ser apenas uma engrenagem? “Another brick in the wall”?Nem pirigo!!!!
Eu tenho um amigo que acredita que o que faz mau na cerveja é ela estar quente. Outro diz que o que embebeda na cachaça são aquelas gotinhas que sobram em um litro quase no fim. E que mesmo com nomes de santos o vinho São Braz é menos ruim do que o São Francisco (prá mim, ambos são ruins, mas estou tão acostumado, que quando bebi um vinho considerado de qualidade, acho ruim ^^).
Os que tem fé de que um dia o socialismo, o comunismo, mecanicismo,teologismos ("ismos" ad infinitum) hão de ser uma realidade.
Prá uns a verdade está lá fora.Prá outros ela está dentro de vc.
A resposta pode ser subir numa moto e ir ver o mundo.
Botar uma mochila nas costas e ir ver que a vida é prá ser vivida.
Uns que acreditam que é possível uma revolução sem sair do quarto.
E eu é que sou o bobo pq ainda acredito no amor!
Vou é dormir, que meu mau é falta!!!Hahahahaha
Oh admirável mundo novo que possui gente assim!!!Eis a graça!


Música do dia: Born to be wild-Stephenwolf

sábado, 23 de maio de 2009

"The night is calling i have to go"

Um dia, um amigo meu estava em casa. Era noite e chovia. Em casa, escutando músicas das quais gostava e bebendo vinho. Mas algo não estava certo. E esse sentimento aumentava cada vez mais, uma estranha vontade de sair; como naquela música do Scorpions que diz: “The night is calling i have to go”.
Mas a razão pedia que ficasse em casa. Afinal, o que teria de bom prá se fazer lá fora? Possivelmente pegar um resfriado ou mesmo escorregar e se espatifar num chão enlameado.
Mas ele saiu. Munido de seu guarda chuva, um tanto sem rumo, com frio, ele saiu.
Até hoje ele não se arrepende de ter saído.
Escutei minha alma, meu coração e saí”, ele diz sempre.
Naquela noite de chuva ele encontrou o amor.
Até hoje ele não se arrepende de ter saído.


Música do dia: Kiss the rain- Billie Myers