domingo, 12 de setembro de 2010

O vinho

O vinho me traz o esquecimento, mesmo que momentâneo.

E me vem à cabeça o olhar dela. Dessa vez não havia admiração, não havia brilho em seus olhos. Havia o cinza, havia o desapontamento. Nunca fui perfeito, sei disso, mas aquele olhar me dizia que eu estava errado sobre o quanto e como ser imperfeito. Como se houvessem regras sobre imperfeição.

Mas devem ser as leis que me levaram a estar com ela, as leis ancestrais. Amor? Quem sabe?

O vinho me trouxe a verdade, mesmo que tardia.

Já não sou o que era, nem estou como queria. Não toquei a Lua, não adentrei a aventura que me cabia.

O vinho confundiu minhas idéias, e acabou dando sentido a elas.

Quebrou os padrões de minha maneira de pensar habitual. Destruiu clichês, me mostrou caminhos. Soluções impensadas, inesperadas.

O vinho me amou, tal qual prostituta.

Que me ama sem amar, me acaricia mecanicamente, falsa sensação de conforto. Cobrará seu preço ao final, me trazendo à realidade. E eu darei de cara no asfalto, o beijo frio que me sobrou.

O vinho me deixou um gosto amargo.

O amor me deixou um gosto amargo.

O vinho me trouxe lágrimas.

O amor me trouxe lágrimas.

O vinho me acompanhou.

O amor, não.


*trilha sonora:http://www.youtube.com/watch?v=Kl-TdEFOOc4

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