sábado, 18 de setembro de 2010

Vampiro? (ou Maldita Sede)

O sol do meio dia me faz sentir meio vampiro. Mas diferentemente de um vampiro juvenil eu não brilho; estou mais para um Nosferatu, que não lembra do que viu no espelho e lembra a todo o momento da maldita sede.

A noite me abraça, mas é um abraço sufocante. Insisto em não dormir para não abrir um turbilhão de pesadelos dessa mente que ainda sente a sede.

Minha benção, minha maldição é essa sede que sinto.

Sede luxuriosa, sede necessária.

Que nubla meu pensar, que aumenta meu pesar.

E espreito nas sombras.

Não como um fresco vampiro juvenil.

Que anseia e faz rodeios por conta de um simples beijo.

Mas como ser maldito e insaciável que sou.

Que sacia sua sede nos recantos pecaminosos das belas desatentas, das falsas puras e das sonhadoras.

Mordo com força, sussurro obscenidades, misto de prazer e perigo, sem falsas promessas.

Vou com a noite, sem nome, sem lembranças.

Maldita sede que me enche de desejos e de esquecimentos.


domingo, 12 de setembro de 2010

O vinho

O vinho me traz o esquecimento, mesmo que momentâneo.

E me vem à cabeça o olhar dela. Dessa vez não havia admiração, não havia brilho em seus olhos. Havia o cinza, havia o desapontamento. Nunca fui perfeito, sei disso, mas aquele olhar me dizia que eu estava errado sobre o quanto e como ser imperfeito. Como se houvessem regras sobre imperfeição.

Mas devem ser as leis que me levaram a estar com ela, as leis ancestrais. Amor? Quem sabe?

O vinho me trouxe a verdade, mesmo que tardia.

Já não sou o que era, nem estou como queria. Não toquei a Lua, não adentrei a aventura que me cabia.

O vinho confundiu minhas idéias, e acabou dando sentido a elas.

Quebrou os padrões de minha maneira de pensar habitual. Destruiu clichês, me mostrou caminhos. Soluções impensadas, inesperadas.

O vinho me amou, tal qual prostituta.

Que me ama sem amar, me acaricia mecanicamente, falsa sensação de conforto. Cobrará seu preço ao final, me trazendo à realidade. E eu darei de cara no asfalto, o beijo frio que me sobrou.

O vinho me deixou um gosto amargo.

O amor me deixou um gosto amargo.

O vinho me trouxe lágrimas.

O amor me trouxe lágrimas.

O vinho me acompanhou.

O amor, não.


*trilha sonora:http://www.youtube.com/watch?v=Kl-TdEFOOc4

Aos meus amigos talentosos

Ah, esses meus amigos talentosos!

De onde tiraram tais idéias? Eu espremo um sonho que forma apenas uma palavra na imensidão de uma folha em branco.

Será que acharam a estrada secreta? Ando de bicicleta por uma estrada empoeirada, são idéias antigas, um poço de memória, são águas passadas.

Um povo feito de sentimento. Criei robôs, mas depois os deixei enferrujar, já não me servem mais, esses homens de lata.

A mágica que fazem com as palavras... Eu luto prá domar um verbo querer desengonçado, batalho um verbo indefinido que é o Amor. Tento fugir da breguice de um “felizes para sempre” ou mesmo de um clichê de poeta sofredor. Tudo me sai cru, amargo, direto, como um soco recebido depois de se tomar uma dose de cana.

Dançaram pelas nuvens. Eu navegava por um deserto, é irreal eu sei, mas muitos momentos na vida o são.

E seguiram na rima da vida, a poesia nela contida, a música indefinível que dela é ouvida.

Eu me ajuntei com eles e fui curtir também